Estimulação do sistema His-Purkinje

Pesquisadores da Universidade de Beijing, publicaram em janeiro deste ano, na versão em Inglês do Chinese Medical Journal um comentário que abordou a questão dos últimos desenvolvimentos relacionados com a estimulação do sistema His-Purkinje * em que eles emitem considerações gerais sobre a estimulação cardíaca e os prós e contras dos diferentes locais nos quais um dispositivo é implantado.

As técnicas de estimulação cardíaca através de marcapassos são parte do arsenal terapêutico regular para pacientes com síncope, doença do nodo sinusal, bloqueio atrioventricular, doença neuromuscular e insuficiência cardíaca, referem os autores na introdução do comentário.

Lembram que a implantação do marcapasso tem uma longa história e que Albert S. Hyman foi o primeiro a ter a ideia de “marcapassos artificiais”em 1932, quando implantou uma agulha no átrio direito e criou um batimento cardíaco artificial.

Em 1957, Weirich et al foram os primeiros a fixar eletrodos na parede ventricular. Dois anos depois, Furman e Schwedel introduziram a estimulação endocárdica, que foi a base das técnicas de estimulação cardíaca direta por via percutânea.

As opiniões sobre os marcapassos evoluíram de serem vistos como bombas elétricas para técnicas capazes de ressincronizar os batimentos cardíacos.

A tecnologia dos marcapassos têm se esforçado para aperfeiçoar o método de estimulação fisiológica que alcance melhorar a função cardíaca e restaurar a condução elétrica cardíaca.

No entanto, os locais de implantação ideais para os eletrodos têm sido objeto de discussão há décadas. A estimulação de sistema His-Purkinje é considerada atualmente o mais fisiológico, já que o condutor está diretamente inserido no sistema de condução cardíaco criando um complexo QRS estreito semelhante a um batimento cardíaco normal.

Esta revisão resume os avanços recentes neste campo.

A estimulação de sistema His-Purkinje (His Bound Pacing -HBP-sigla em inglês) é uma nova técnica que se tornou popular em grande parte nas últimas décadas. Seu ritmo de estimulação tem sido considerado por muito tempo como o método mais fisiológico de estimulação; no entanto, com a implementação generalizada desse método, suas desvantagens se tornaram evidentes.

Neste contexto, a estimulação do ramo esquerdo (LBBP, Left Bound Branch Pacing – por sua sigla em inglês), envolvida diretamente com o His-Purkinje, está prevista como o melhor e mais próximo método dos padrões de ativação fisiológica, superior até mesmo a estimulação do feixe de His.

Os autores incluíram uma revisão de publicações peer-reviewed até julho de 2018, encontrado na base de dados PubMed usando as palavras“Estimulação de sistema His-Purkinje “, “estimulação ventricular direita” e “estimulação fisiológica”. 

Todos os artigos selecionados estavam em inglês, sem restrições no desenho do estudo.

HBP tem sido estudada em todo o mundo e atualmente é considerada o método de estimulação mais fisiológico. No entanto, apresenta desvantagens, como a necessidade de um alto limiar de estimulação, detecção insatisfatória e tempos longos de procedimento, entre outros. Embora aestimulação do ramo esquerdo (LBBP) é teoricamente superior a HBP, a relevância clínica desta diferença ainda está em debate, já que poucos grandes ensaios clínicos randomizados foram publicados com esta abordagem.

Os autores concluem que, embora a Estimulação de sistema His-Purkinje pareça ser o método de estimulação mais fisiológico. ela tem certas deficiências como a inclusão de um estímulo limiar elevado, implementação difícil devido às características anatômicas específicas, largo tempo para execução do método além de outras não enumeradas.

Por conseguinte, são necessários mais estudos para clarificar o significado clínico particularmente o LBBP e avaliar qual o método de estimulação é a mais desejável e dá melhores resultados.

* Cheng LT, Zhang JM, Wang ZF, Gao HK, Wu YQ. Recent approaches to His-Purkinje system pacing. Chin Med J (Engl). 2019 Jan 20;132(2):190-196. doi: 10.1097/CM9.0000000000000038.