Autores da República Popular da China, Grécia e EUA publicaram na edição de 3 de setembro do Journal of Intervencion Cardiac Electrophysiology os resultados de um estudo cujo objetivo era desenvolver um novo critério eletrocardiográfico para diferenciar a origem das arritmias ventriculares da via de saída (OT-VA: Outflow Tract – Ventricular Arrythmias) do ventrículo esquerdo ou do ventrículo direito, com importância para mapeamento e ablação por cateteres: O índice de transição V1-V3
Arritmias ventriculares idiopáticas da via de saída (OT-VA) com padrão QRS de bloqueio do ramo esquerdo e eixo inferior incluem extra-sístoles e taquicardia ventricular (TV) originárias da via de saída do ventrículo esquerdo (LVOT: Left Ventricular Outflow Tract), incluindo as cúspides aórticas ou a via de saída do ventrículo direito (RVO: Right Ventricular Outflow Tract ).
Vários algoritmos eletrocardiográficos (ECG) têm sido propostos para diferenciar OT-VA originárias da LVOT daquelas da RVOT usando a transição precordial na derivação V3.
Entretanto, sua precisão e utilidade são limitadas, pois a morfologia do QRS das OT-VA pode ser afetada por vários fatores, como posição do eletrodo, anatomia cardíaca, rotação cardíaca, hipertrofia ventricular, tamanho da mama, corpo físico, sexo, deformidades da parede torácica e condução preferencial através do septo da via de saída ventricular.
Além disso, alguns algoritmos de ECG podem ser usados apenas nas OT-VA com um padrão de ECG específico.
Neste estudo, o objetivo dos pesquisadores foi desenvolver um novo critério de ECG que pudesse diferenciar a origem das OT-VA idiopáticas que apresentasse a zona de transição precordial no eletrodo V3.
A precisão, sensibilidade e especificidade do novo critério foram comparadas com os índices relatados anteriormente.
Foram incluídos 147 pacientes consecutivos com OT-VA que apresentaram transição precordial na derivação V3 que foram submetidos à ablação por cateter com sucesso na via de saída do ventrículo direito (RVOT) (n = 118) ou na via de saída do ventrículo esquerdo (LVOT) (n = 29).
O índice de transição V1-V3 foi definido como a soma da amplitude da onda S nas derivações V1 e V2 nas extra-sístoles ventriculares (PVC) divididas pela amplitude da onda S durante o ritmo sinusal (SR), respectivamente. menos a soma do comprimento de onda R nas derivações V1, V2 e V3 durante as extra-sístoles divididas pela amplitude da onda R durante o ritmo sinusal, respectivamente, ou seja,
[(SPVC / SSR) V1 + (SPVC / SSR) V2] – [(RPVC / RSR) V1 + (RPVC / RSR) V2 + (RPVC / RSR) V3].
A taxa de transição V1-V3 foi significativamente maior para extra-sístoles originárias da RVOT do que para aquelas originadas na VSVE (1,25 ± 2,48 vs. – 3,94 ± 3,11; P <0,001).
A análise da curva ROC revelou uma área abaixo da curva (AUC) de 0,931 para o índice de transição V1-V3, e um valor de corte de ≤1,60 previu uma origem de RVOT com uma sensibilidade de 93% e uma especificidade de 86%.
Com relação à AUC (área sob a curva ROC) e à precisão, a taxa de transição V1-V3 foi maior que qualquer outro índice de ECG anteriormente proposto para diferenciar OT-VA esquerda da OT – VA direita.
Em 37 casos prospectivos, o novo índice foi capaz de prever o local de origem da RVOT com 95% de precisão (35 de 37 casos).
Como conclusões, o índice de transição V1-V3 é um novo e útil critério de ECG para distinguir OT-VA esquerda e direita com transição precordial na derivação V3.
* Di C, Wan Z, Tse G, Letsas KP, Liu T, Efremidis M, Li J, Lin W. The V1-V3 transition index as a novel electrocardiographic criterion for differentiating left from right ventricular outflow tract ventricular arrhythmias. J Interv Card Electrophysiol. 2019 Sep 2. doi: 10.1007/s10840-019-00612-0. [Epub ahead of print]