Um artigo no JICE publicado on-line em 16 de julho descreve uma abordagem utilizada para melhorar a eficiência na ablação de fibrilação atrial aos 24 meses de acompanhamento da experiência de um único centro de eletrofisiologia em Milão com a aplicação de um índice de ablação (Ablaction Index – AI por sua sigla em inglês) *.
Os autores notam que a ablação por cateter da fibrilação atrial (FA) é o alvo primário do procedimento por isolamento das veias pulmonares (Pulmonary Vein Isolation – PVI – sigla em inglês), que é geralmente conseguido por lesões circunferenciais pela administração de radiofrequência (RF).
A eficácia a longo prazo da ablação da FA está relacionada as lesões de RF duráveis, assim como a religação da veia pulmonar (VP) é responsável pela maioria das recorrências de fibrilação atrial e / ou flutter atrial.
Recentemente, novas melhorias tecnológicas foram introduzidas em um esforço para alcançar lesões transmurais duradouras e eficazes de maneira previsível e reprodutível.
Dada a impossibilidade de uma avaliação em tempo real do desenvolvimento da lesão, medidas substitutas foram introduzidas que avaliam a qualidade da lesão. A queda na impedância local é um dos primeiros marcadores reconhecidos de formação de lesão durante a ablação.
Nos últimos anos, com a introdução do sensor de contato, na ponta dos cateteres, surgiram novos marcadores para a avaliação em tempo real da interação cateter-tecido.
O valor da integral da força ao longo do tempo (Force-time Integral – FTI- sigla em inglês), a força te contato calculada (Contact Force – CF– sigla em inglês) e o tempo, têm sido propostos como medições em tempo real de formação da lesão.
Embora a FTI otimizada seja capaz de reduzir as taxas de recorrência da FA durante o seguimento, cerca de um terço dos pacientes ainda tem pelo menos uma VP (Veia Pulmonar) restabelecida com um ou mais acessos. Uma explicação poderia ser que a fórmula do FTI não leva em consideração a entrega de potência do procedimento.
A tecnologia mais recente, o Índice de ablação (AI sigla) (3 V4 CARTO, Biosense Webster, Inc., Diamond Bar, CA, EE. UU.) supera potencialmente as limitações da FTI ao incorporar em uma única lesão diferentes marcadores de qualidade, como força de contato, tempo e potência.
Além disso, a estabilidade é um critério adicional necessário para a medição do AI. Estudos publicados recentemente mostraram que o método AI foi capaz de estimar com precisão a profundidade da lesão em modelos animais e em seres humanos.
Além disso, diferentes objetivos têm sido propostos no AI para várias regiões anatômicas do átrio esquerdo, a fim de se obter uma profundidade de lesão de RF adaptado à espessura da região do tecido atrial.
Tanto os estudos retrospectivos como os prospectivos demonstraram que a ablação guiada por AI foi associada a uma redução significativa na incidência de religação das VPs agudas ou durante a fase de seguimento.
O objetivo deste estudo foi comparar a sobrevivência sem arritmia em 24 meses de seguimento em pacientes recebendo procedimento de ablação padrão com os guiados pela AI através de um modelo de propensão. Além disso, o objetivo foi avaliar se uma abordagem guiada por AI permite processo reprodutível e resultados a longo prazo, independentemente do operador.
72 pacientes consecutivos com FA paroxística (66,7%) droga resistentes e persistentemente prematuras (33,3%) que se submeteram ablação guiada por AI, em comparação com 72 pacientes controles submetidos a procedimento orientado pela CF (força de contato). avaliada por um processo de propensão adaptado.
Todos os procedimentos foram realizados por três operadores qualificados. Analisamos os dados referentes às características do procedimento e a ausência de recorrência de FA a longo prazo.
Ao fim de 24 meses de acompanhamento as curvas de Kaplan-Meier de recorrencia de FA foram significativamente mais baixas no grupo AI que no grupo CF (15,5% versus 30,6%; p 0,042), resultado favorável ao AI.
Estas descobertas foram confirmadas em uma sub-análise, independentemente do uso contínuo de fármacos antiarrítmicos no seguimento (42,2% no grupo guiado por AI e 66,7 % no CF; p 0,004).
Aos 24 meses de acompanhamento, foi observada uma tendência positiva na redução da recorrência de ablação de arritmia no grupo guiado pela AI para todos os operadores.
Em conclusão, os autores observam que a ablação guiada por AI é mais eficaz do que a guiada por CF, como demonstrado pela menor incidência da recorrência de AF, independentemente de fármacos antiarrítmicos de monitorização. Cada operador parece melhorar o sucesso a longo prazo usando uma ablação AI guiada, demonstrando a eficácia e reprodutibilidade desta abordagem.
Casella, M., Dello Russo, A., Riva, S. et al. J Interv Card Electrophysiology 2019). https://doi.org/10.1007/