Um grande grupo de autores taiwaneses publicou na edição de julho do Journal of Cardiovascular Electrophysiology os resultados de um estudo realizado em um único centro no qual avaliaram as características eletrofisiológicas e clínicas de pacientes com taquicardia atrial esquerda isolada não submetidos a ablação por cateter para fibrilação atrial (FA) observados durante um período de 10 anos *.
Eles afirmam, introduzindo a questão que a taquicardia atrial esquerda -TAE – (LAT- Left Atrial Tachycardia- sigla em inglês) submetida à ablação prévia com cateter de fibrilação atrial (FA) é bem descrita.
Tem sido demonstrado que os sítios preferenciais da origem da taquicardia atrial estão relacionados a estruturas anatômicas específicas, e a maioria delas são do átrio esquerdo (AE) ocorrendo dentro e ao redor das veias pulmonares (VP) e ocasionalmente ao longo do anel mitral.
Também foi relatado que há FA paroxística em 12-46% dos pacientes com taquicardia atrial ectópica multifocal ou unifocal.
Entre os pacientes que se submetem à ablação por cateter de FA, as TAEs organizadas, sejam macro reentrantes ou focais, são formas comuns de recorrência.
Estudos anteriores mostraram que as taquicardias mais organizadas são pró-arritmias relacionadas a lesões de ablação prévias em Átrio Esquerdo (AE), cicatrizes atriais ou reconexão de veias pulmonares
Entre os pacientes sem isolamento prévio das veias pulmonares, Jaes et al. al. relataram características das TAEs reentrantes que ocorrem principalmente em pacientes com doença cardíaca estrutural subjacente, principalmente doença mitral.
Não está claro se todas as TAEs, reentrantes ou focais estão associadas a FA pré-existente ou são consequências pró-arrítmicas relacionadas à ablação prévia das veias pulmonares.
Este estudo relata a experiência dos autores no mapeamento por cateteres realizados em seu centro e os resultados da ablação de uma coorte de pacientes consecutivos com diagnóstico de TAE não associada a FA ou intervenção prévia.
Os resultados do procedimento a longo prazo e os preditores de recorrência após a ablação inicial por cateter da TAE foram determinados.
A recorrência da arritmia atrial foi determinada a partir dos registros de acompanhamento dos pacientes que foram submetidos à ablação dessa arritmia entre 2008 e 2017 e foram identificadas as características clínicas e eletrofisiológicas associadas à recidiva.
Um total de 50 pacientes (53 ± 19 anos, 46% homens) com 59 LAT (1,16 ± 0,47 por paciente) foram incluídos. Durante um seguimento médio de 37 ± 33 meses, a recorrência de arritmia atrial ocorreu em 22 (44%) pacientes, 11apenas com taquicardia atrial (TA), cinco apenas com FA e seis com AT e FA concomitantes.
A incidência de arritmias originárias nas veias pulmonares (PV) aumentou significativamente no procedimento de repetição (P = 0,036).
A análise multivariada identificou a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) como o único preditor de recorrência da arritmia atrial e recorrência da TAE, enquanto o tabagismo e a presença da TAE macro reentrante no procedimento índice predisseram a recorrência da FA.
Os autores concluem que este estudo demonstrou uma taxa mais alta de recorrência de arritmia atrial, incluindo FA, entre pacientes com TAE inicialmente isolada.
Uma menor FEVE previu qualquer arritmia atrial e recorrência de TAE enquanto o tabagismo e o mecanismo de TA macro reentrante previram FA a longo prazo.
Taquicardia atrial originada nas veias pulmonares foi freqüentemente observada em pacientes recorrentes, independentemente da origem do procedimento índice.
* Vicera JJB, Lin YJ, Lin CY, Lu DY, Chang SL, Lo LW, Chung FP, Chao TF, Hu YF, Tuan TC, Liao JN, Chen YY, Sukardi R, Salim S, Wu CI, Liu CM, Hoang QM, Ba VV, Huang TC, Chuang CM, Chen CC, Chin CG, Kuo L, Chen SA. Electrophysiological and clinical characteristics of catheter ablation for isolated left sideatrial tachycardia over a 10-year period. J Cardiovasc Electrophysiol. 2019 Jul;30(7):1013-1025. doi: 10.1111/jce.13945. Epub 2019 May 1.