Na edição de março da Arrhythmia & Electrophysiology Review, pesquisadores da Divisão de Cardiologia do Departamento de Medicina, Weill Cornell Medical Center, Nova York, EUA, publicaram uma revisão sobre osmecanismos e abordagens da ablação da taquicardia atrial e do flutter atrial atípico *.
Eles apontam que os estudos pioneiros na eletrofisiologia na década de 1990 definiram os limites anatómicos do flutter auricular típico, identificaram as regiões para ablação eficaz por cateter desta arritmia e descreveram o a melhor técnica do procedimento para minimizar a recorrência após a ablação.
O mapa de ativação e entrainement mostrou que o flutter típico surge por reentrada ao redor do anel tricúspide.
Os critérios para confirmar o bloqueio de condução bidirecional no istmo cavo-tricúspide (ICT) tornaram-se parâmetros de procedimentos padronizados e diminuíram a possibilidade de recidivas a longo prazo.
Os princípios aprendidos desses estudos de flutter típico permitiram um melhor entendimento de arritmias atriais mais complexas. Através da utilização de cateteres multe elétrodos, mapeamento eletro anatômico e a técnica deentrainement identificaram o flutter atípico e as taquicardias auriculares (AT – Atrial Tachycardia – pela sua sigla em inglês) de vários mecanismos.
A demonstração do bloqueio de condução bidirecional através de lesões lineares tem sido adotada como um desfecho importante na ablação de retalhos atípicos em ambos os átrios. O objetivo desta revisão foi resumir os conceitos atuais de flutter atípico e AT que não dependem do ICT.
As ATs podem ser classificadas em três grandes categorias: AT focal, AT por macro reentrada e AT localizada, também conhecida como “micro reentrante”.
As características que distinguem esses mecanismos de AT incluem as características do eletrograma, respostas ao entrainement e sensibilidades farmacológicas.
ATs focais podem ocorrer em corações estruturalmente normais, mas também podem ocorrer em pacientes com doença cardíaca estrutural.
Estas tipicamente surgem de locais preferenciais como o anel valvar, a crista terminal e as veias pulmonares. As ATs macro reentrantes ocorrem no contexto da fibrose atrial, como após a ablação anterior por cateter ou após atriostomia, e ainda “de novo” em pacientes com alguma miopatia atrial.
Técnicas de mapeamento de alta resolução definiram os detalhes dos circuitos de macro reentrada, incluindo as áreas do bloqueio de condução, cicatriz e condução lenta.
A reentrada localizada ocorre no contexto de um miocárdio atrial doente que suporta uma condução muito lenta. Um aspecto característico da reentrada localizada são os eletrogramas de baixa amplitude e altamente fracionados que abrangem a maior parte do comprimento do ciclo de taquicardia em um pequeno diâmetro.
Avanços na compreensão dos mecanismos das ATs e as características específicas dos seus eletrogramas melhoraram a eficiência e a eficácia da ablação por cateter dessas arritmias.
* Markowitz SM, Thomas G, Liu CF, Cheung JW, Ip JE, Lerman BB. Atrial Tachycardias and Atypical Atrial Flutters: Mechanisms and Approaches to Ablation. Arrhythm Electrophysiol Rev. 2019 Mar;8(2):131-137. doi: 10.15420/aer.2019.17.2.