Isolamento da parede posterior do AE associado à ablação de veias pulmonares no tratamento da FA

Eletrofisiologistas da Universidade da Califórnia e  do Albert Einstein College of Medicine, nos EUA, publicaram em 31 de outubro no Journal of Intervencion Cardiac Electrophysiology os resultados de uma revisão sistemática e metanálise do papel do isolamento complementar da parede atrial esquerda  em pacientes submetidos à ablação por fibrilação atrial *.

Para introduzir o tópico, eles apontam que a fibrilação atrial (FA) é considerada a arritmia sintomática mais comum no mundo e está associada a um risco aumentado de acidente vascular cerebral, deterioração da qualidade de vida (QV) e aumento da morbimortalidade.

Como tal, demonstrou-se que terapias para manter o ritmo sinusal melhoram a qualidade de vida e podem melhorar as taxas de mortalidade.

Atualmente, a ablação por cateter percutâneo é considerada a terapia mais eficaz para manter o ritmo sinusal. Entre as variadas técnicas de ablação, o isolamento da veia pulmonar antral (IVP) tornou-se o padrão de intervenção em pacientes submetidos à ablação por cateter.

Essa técnica como demonstrada em vários estudos randomizados é altamente eficaz na manutenção do ritmo sinusal, principalmente em pacientes com FA paroxística. No entanto, sua eficácia é limitada em pacientes com FA persistente.

Vários estudos menores avaliaram o valor incremental do isolamento concomitante da parede posterior do átrio esquerdo (IPP) para reduzir as taxas de recorrência de arritmias atriais, embora com resultados variados.

O objetivo deste estudo foi então realizar uma revisão sistemática da literatura e metanálise para avaliar os resultados clínicos da IPP concomitante à ablação da FA padrão.

Para esse fim, foi realizada uma extensa pesquisa bibliográfica e uma revisão sistemática de estudos que compararam a ablação de FA mais IPP versus controle.

As taxas de recorrência de todas as arritmias atriais (FA, FlA e TA: Fibrilação Atrial, Flutter Atrial e Taquicardia Atrial, respectivamente) foram avaliadas separadamente, bem como taxas de recorrência separadas de FA, FlA e TA, após a ablação.

Sete estudos com um total de 1151 pacientes foram incluídos. Pacientes que receberam  IPP concomitante apresentaram menos recorrência de todas as arritmias atriais após a ablação  (RR 0,77; IC95% 0,62-0,96, p = 0,02) e menor recorrência de FA (RR 0,55; IC95% 0,39-0,77, p <0,01).

Não houve diferenças no início da TÁ e FlA (RR 0,96; IC 95% 0,62-1,48, p = 0,85) após a ablação. Esses resultados foram replicados na análise de subgrupos de pacientes com FA persistente.

Os autores concluíram que, com base nos resultados dessa metanálise, que o IPP concomitante está associada a uma menor recorrência de FA e todas as arritmias atriais após a ablação, sem um risco aumentado de TÁ ou FlA após-ablação.

* Lupercio F, Lin AY, Aldaas OM, Romero J, Briceno D, Hoffmayer KS, Han FT, Di Biase L, Feld GK, Hsu JC. Role of adjunctive posterior wall isolation in patients undergoing atrial fibrillation ablation: a systematic review and meta-analysis. J Interv Card Electrophysiol. 2019 Oct 31. doi: 10.1007/s10840-019-00634-8. [Epub ahead of print]