Autores dos EUA e da Polônia publicaram em fevereiro de 2019 no Circulation Arrhythmias and Electrophysiology um estudo de viabilidade que relatou os resultados do estabelecimento de terapia de ressincronização cardíaca por meio da estimulação do feixe de His otimizada, para maximizar a ressincronização elétrica em pacientes com insuficiência cardíaca por cardiomiopatia e bloqueio de ramo esquerdo (BRE) *,
Eles ressaltam que a terapia de ressincronização cardíaca (TRC) é uma modalidade terapêutica importante para pacientes com insuficiência cardíaca avançada (IC). No entanto até um terço desses pacientes pode não responder a esta TERAPIA
Estudos recentes demonstraram que a estimulação diretamente no feixe His (HPB: His-Purkinje Bound) pode causar estreitamento significativo e, muitas vezes, normalização da BRE.
Embora o estreitamento do QRS não tenha sido o preditor mais forte para a resposta à ressincronização, o resultado desse estreitamento elétrico é valioso na previsão da resposta à terapia.
A implantação no HPB está associada a um estreitamento dramático do QRS e a uma ressincronização do ventrículo esquerdo (VE) comparável ou superior à clássica TRC, podendo resultar em melhores resultados clínicos.
Além disso, em pacientes com cardiomiopatia avançada, o BRE e o defeito de condução intraventricular (IVCD) podem coexistir e a ressincronização pode ser mais completa quando intervir no nível do sistema de condução especializado através do HPB, juntamente com a estimulação seqüencial do VE nas áreas periféricas do miocárdio ativadas tardiamente.
Os autores levantaram a hipótese de que a ressincronização elétrica medida pelo estreitamento do complexo QRS pode ser alcançada de maneira mais eficaz pela HPB, seguida pela estimulação sequencial do VE (HOT-CRT: His-Optimized CRT).
O objetivo do estudo, então, foi avaliar a viabilidade e eficácia do HOT-CRT para melhorar a ressincronização elétrica em pacientes qualificados para TRC e avaliar as taxas de resposta clínica e ecocardiográfica.
O implante HPB permanente foi realizada em 27 pacientes (bloqueio do ramo esquerdo: 17, defeito de condução intraventricular: 5 e estimulação do ventrículo direito: 5) encaminhados para TRC associada à estimulação do VE, programada com atraso igual ao intervalo His-VE
A duração do QRS foi medida no início do estudo, durante o implante HPB, estimulação biventricular e HOT-CRT. Os parâmetros ecocardiográficos e a classe funcional da New York Heart Association foram avaliados no início e durante o acompanhamento.
O HOT-CRT obteve sucesso em 25 dos 27 pacientes (idade 72 ± 15 anos, homens 23, isquêmica 21).
A duração do QRS no início do estudo foi de 183 ± 27 ms e foi significativamente reduzida para 162 ± 17 ms com estimulação biventricular (P = 0,003), para 151 ± 24 ms durante a HBP (P <0,0001) e mais para 120 ± 16 ms durante o HOT-CRT (P <0,0001).
Durante um seguimento médio de 14 ± 10 meses, a fração de ejeção do VE, melhorou de 24 ± 7% para 38 ± 10% (P <0,0001), e a classe funcional da New York Heart Association mudou de 3,3 para 2,04 .
Vinte e um dos 25 pacientes (84%) responderam clinicamente, enquanto 23 dos 25 (92%) apresentaram resposta ecocardiográfica.
Em conclusão, os autores afirmam que nesta coorte de viabilidade, o HOT-CRT resultou em uma melhor ressincronização elétrica.
Dessa forma o HOT-CRT pode melhorar os resultados clínicos e ecocardiográficos em pacientes com insuficiência cardíaca avançada que necessitam de TRC.
* Vijayaraman P, Herweg B, Ellenbogen KA, Gajek J. His-Optimized Cardiac Resynchronization Therapy to Maximize Electrical Resynchronization. Circ Arrhythm Electrophysiol. 2019 Feb;12(2):e006934. doi: 10.1161/CIRCEP.118.006934.