Autores da Universidade de Pittsburgh, Pensilvânia publicaram em abril no Journal of Cardiovascular Eletrophysiology os resultados de um estudo que investigou a utilidade e segurança de um teste com adenosina para revelar pré-excitação AV suspeita ou latente na população pediátrica *.
Estes pesquisadores apontam que, desde a introdução da adenosina no final de 1980, a prova da adenosina – (PA, sigla em português e AC: Adenosine Challenge, sigla em inglês) tornou-se uma ferramenta diagnóstica amplamente utilizada para avaliação de pré-excitação AV suspeita ou latente
Numerosos estudos foram realizados na população adulta demonstrando uma superior sensibilidade e especificidade deste teste, bem como um perfil de baixo risco.
Recentemente, a adenosina também mostrou ser segura para uso na população receptora de transplante pediátrico.
Pouco tem sido publicado sobre a segurança e eficácia da PA na população pediátrica com possíveis vias acessórias (APs), apesar de seu uso comum.
Devido ao risco raro, mas documentado de indução de fibrilação atrial (FA) com a sua administração, alguns médicos hesitam em realizar a PA por causa da possibilidade de rápida condução anterógrada da FA por vias acessórias anormais (AP:acessory pathway em inglês).
O maior estudo até à data foi recentemente publicado em 2014, incluindo 30 pacientes por Suzuki et al, na avaliação da utilidade da PA para diferenciar uma via acessória atrioventricular típica (AP) na síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) de vias fascículo ventriculares.
Embora estabelecendo que a PA é confiável para diferenciar estas entidades, o estudo não inclui acompanhamento a longo prazo ou correlação com os resultados de estudos de eletrofisiologia (EEF: sigla em português e EPS: Electrophisiology Study, sigla em inglês), que são o padrão ouro na avaliação da pré-excitação AV .
Na instituição dos autores, eles usam a PA para diagnosticar a pré excitação AV latente procurando pelo aparecimento de um intervalo PR curto ou uma onda delta.
Além disso, eles realizam a PA durante o acompanhamento após um EPS. se houver uma preocupação com o retorno do WPW, mas sem arritmia documentada antes do paciente receber alta.
Neste estudo, o objetivo foi descrever a experiência no uso da PA na população pediátrica, incluindo dose, eficácia e segurança.
Adicionalmente objetivou-se correlacionar os resultados da PA com os resultados do EEF no seguimento, as características das vias identificadas e a evolução a longo prazo. Os objetivos secundários foram analisar as características do eletrocardiograma (ECG) habitual de 12 derivações com maior probabilidade de resultados positivos.
Todas as PA realizadas em pacientes pediátricos entre janeiro de 2009 e junho de 2017 foram revisadas retrospectivamente abrangendo: dados demográficos dos pacientes, análise dos eventos adversos, resultados das PAs, doses de adenosina empregadas e inclusive os achados dos EEFs.
A análise foi feita entre coortes PA positivas e PA negativas antes de qualquer EEF, excluindo-se os pacientes com PA positivas que não tinham EEF pré estudo. Dois eletrofisiologistas pediatras, independentemente, analisaram os ECG antes da PA, os quintervalos PR mais curtos, QRS mais longos, o número de derivações com suspeita de pré excitação e foram avaliados para determinar a fiabilidade entre dados e a correlação positiva da PA
Realizamos 56 PAs em 51 pacientes, (idade mediana, 13,8, faixa, 0,3 a 20 anos). Quarenta e uma PAs eram pré-EEF e 15 pós-EEF, devido à preocupação com o WPW recorrente.
Trinta e uma (76%) PA pré-EEF foram negativos, 9 (22%) positivos e 1 (2%) indefinida.
O EEF foi realizado após sete PAs positivos que revelaram 5 (71%) vias posteriores esquerdas e 2 (29%) posteriores laterais direitas. As 15 PAs pós EEF foram negativas. A dose média eficaz de adenosina foi de 0,2 ± 0,11 mg / kg. Nenhum evento adverso foi relatado. A duração média do acompanhamento após CA foi de 314 ± 482 dias sem arritmias documentadas.
Como conclusão do estudo, os autores concluem que a Prova farmacológica com adenosina é uma modalidade de teste eficaz e segura para a WPW latente na população pediátrica. Na população estudada, não houve eventos adversos ou arritmias documentadas em pacientes após um estudo negativo.
* Follansbee CW, Beerman LB, Wu L, Bertolet M, Arora G. Utility and safety of adenosine challenge for subtle ventricular pre-excitation in the pediatric population. J Cardiovasc Electrophysiol. 2019 Apr 2. doi: 10.1111/jce.13935. [Epub ahead of print]