Uma pesquisa italiana promovida pela AIAC (Associação Italiana de Arritmias e Estimulação Cardíaca) perguntou a especialistas sobre suas preferências na escolha dos eletrodos dos dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis usados em seus pacientes. Os resultados da pesquisa foram publicados em setembro de 2019 na Expert Review of Medical Devices *.
Os autores apontam que dispositivos disponíveis, marcapassos (MPs), cardiodesfibriladores implantável (CDIs) e dispositivos de terapia de ressincronização cardíaca (TRC) são recursos comumente usados que salvam vidas em pacientes selecionados e demonstraram reduzir a morbidade e mortalidade em vários ensaios.
A implementação desses dispositivos é comum em vários países. Na Itália, mais de 64.000 MPs, 15.000 CDIs e 13.000 dispositivos CRTs são implantados a cada ano.
Os eletrodos são os componentes mais fracos do sistema, sujeitos às tensões mais altas e dos quais depende o resultado que determinará a evolução do paciente.
De fato, complicações relacionadas a eletrodos e cabos são muito frequentes. Embora a função principal seja essencial, há poucos dados disponíveis sobre as preferências do operador.
Esta pesquisa avaliou os tipos de eletrodos usados durante a implantação de dispositivos eletrônicos cardíacos implantáveis (CIEDs: Cardiac Implantable Eletronic Dispositives, sigla em inglês) e as razões por trás dessas escolhas em uma grande população de implantes.
O material isolante dos cabos é de silicone ou poliuretano, com uma tecnologia de eluição de esteroides na ponta (ou eletrodos) para reduzir a inflamação (e permitir menor gasto de energia para a estimulação). Os eletrodos do átrio e ventrículo direito podem ser passivos ou ativos.
Os eletrodos ativos possuem dois mecanismos de fixação diferentes: parafuso fixo ou extensível / retrátil.
Os eletrodos dos marcapassos modernos são bipolares e têm um tamanho pequeno, não superior a 6 FR, com construção isodiamétrica.
O eletrodo atrial pode ser pré-formado em J (passivo ou ativo). Os eletrodos para o seio coronário são bastante semelhantes aos outros. São menores, bipolares ou quadripolares e podem ser passivos ou ativos.
Cada fabricante possui uma forma diferente de seus eletrodos do ventrículo esquerdo.
Esta pesquisa italiana foi uma iniciativa independente da Associação Italiana de Arritmia e Estimulação Cardíaca (AIAC).
Um questionário foi enviado aos 314 centros italianos com experiência na implementação dos CIEDs. Resultados: 103 operadores de 100 centros (32% dos centros) responderam à pesquisa. Para o átrio, os eletrodos passivos representaram a primeira opção para marca-passos e desfibriladores (71% e 64% das escolhas, respectivamente), principalmente por segurança.
Para o ventrículo direito, foi preferida a fixação ativa (61% e 93% dos operadores em pacientes com marcapassos e cardiodesfibriladores, respectivamente), com razões na maior versatilidade do posicionamento e menor risco de deslocamento.
Para a estimulação do ventrículo esquerdo, mais de 80% dos entrevistados preferiram derivações quadripolares, por melhor gerenciamento do nervo frênico e do limiar do miocárdio;
Os eletrodos de fixação ativos representam uma segunda opção, para prevenir ou manusear o deslocamento (78% e 17% dos entrevistados, respectivamente), mas 44% dos operadores os consideram perigosos.
Como conclusões, pode-se ver que a escolha dos eletrodos é heterogênea. As tendências são para derivações ventriculares direitas de fixação ativa e derivações atriais de fixação passiva (particularmente em pacientes com marcapassos, considerados mais propensos a falhas). Para a estimulação do ventrículo esquerdo, a maioria dos operadores deseja ter todos os tipos de eletrodos, embora os quadripolos sejam os favoritos.
* Ziacchi M, Palmisano P, Biffi M, Guerra F, Stabile G, Forleo GB, Zanotto G, D’Onofrio A, Landolina M, De Ponti R, Zoni Berisso M, Ricci RP, Boriani G. Lead choice in cardiac implantable electronic devices: an Italian survey promoted by AIAC (Italian Association of Arrhythmias and Cardiac Pacing). Expert Rev Med Devices. 2019 Sep;16(9):821-828. doi: 10.1080/17434440.2019.1649134. Epub 2019 Aug 5.