Um grupo de autores brasileiros do Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes e da Clínica Radiológica Mario de Assism, instituições da Universidade Federal do Ceará, em Messejana, região metropolitana de Fortaleza/Ceará, Brasil, publicaram na edição de 27 de agosto do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, os resultados da sua experiência hospitalar relacionados à eliminação de eletrodos e cabos de dispositivos implantáveis sem ferramentas de extração *.
Eles ressaltam que as indicações para a implantação de dispositivos eletrônicos cardíacos (CIEDs), marcapassos (MPs) e cardiodefibriladores automáticos implantáveis (CDIs) aumentaram devido ao envelhecimento da população em geral e aos resultados de grandes ensaios clínicos que mostram benefícios para a prevenção primária de morte cardíaca súbita.
Além disso, o número crescente de comorbidades por paciente, bem como o uso de dispositivos de Terapia de Ressincronização Cardíaca (TRC), que requerem o implante de mais cabos, contribuem para a crescente necessidade de extração de cabos como resultado de infecções, rupturas de cabos. dispositivos com falha e abandonados por perda de efetividade.
Embora até 30.000 procedimentos de extração de eletrodos sejam realizados anualmente em todo o mundo, uma abordagem padrão ainda não foi estabelecida.
A extração transvenosa de eletrodos é o método preferido da abordagem das complicações relacionadas aos CIEDs, pois melhorou com o tempo, tornando-se mais segura e eficaz. Utiliza métodos que variam da tração local simples ao uso de extratores motorizados a laser, com uma tendência global em direção a ferramentas cada vez mais tecnologicamente avançadas, visando melhorar os resultados do procedimento.
A escolha do meio de realizar uma extração deve ser cuidadosamente ponderada, seguindo recomendações internacionalmente aceitas e uma abordagem individualizada, pois esses procedimentos correm o risco de morbimortalidade aguda e podem ter maus resultados a longo prazo.
A tração manual simples do eletrodo já foi amplamente utilizada, mas devido a casos relacionados a avulsão, laceração ou perfuração, tornou-se obsoleta em muitos países desenvolvidos. No hospital pertencente aos autores, um centro público de cardiologia no nordeste do Brasil, a disponibilidade de ferramentas de extração de eletrodos é baixa, portanto a tração manual dos eletrodos continua sendo um procedimento aceito e realizado.
Este estudo observacional retrospectivo incluiu 35 pacientes que tiveram extração de eletrodos via transvenosa no período entre janeiro de 1998 e outubro de 2014 no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes de Messejana, Fortaleza, CE, Brasil.
Os dados foram coletados através de uma revisão de registros. Eles foram avaliados de acordo com idade, tipo de dispositivo, tempo de implante, indicação de extração, técnica utilizada e resultados imediatos.
O tempo médio de permanência dos dispositivos foi de 46,22 meses. Infecção, fratura de eletrodo e mau funcionamento do dispositivo foram as indicações mais comuns.
O método de escolha foi a tração simples, utilizada em 88,9% dos procedimentos. A tração manual apresentou altas taxas de sucesso, o que resultou em eliminação completa sem complicações em 90% dos casos.
Concluindo, este artigo sugere que a extração de eletrodos por tração manual simples ainda pode ser realizada efetivamente em países com dificuldades econômicas como primeira tentativa, deixando ferramentas auxiliares para uma segunda tentativa em caso de falha ou contra-indicação da técnica.
* Lima NA, Cunha GS, Menezes NS, Silva ELD Junior, Lima CCV, Sampaio SMV. Lead Removal Without Extraction Tools: A Single-Center Experience. Braz J Cardiovasc Surg. 2019 Aug 27;34(4):458-463. doi: 10.21470/1678-9741-2018-0275.